quinta-feira, 24 de março de 2011

A CULTURA DO SLOW DOWN

Há já 18 anos que ingressei na Volvo, empresa sueca bem conhecida.
Trabalhar com eles, é uma convivência deveras interessante. Qualquer projecto aqui demora dois anos a concretizar-se, mesmo que a ideia seja brilhante e simples. É uma regra.

Os processos globalizados causam-nos a nós (portugueses, brasileiros, argentinos, colombianos, peruanos, venezuelanos, mexicanos, australianos, asiáticos, etc.) uma ansiedade generalizada na busca de resultados imediatos.
Consequentemente, o nosso sentido de urgência não surte efeito dentro dos prazos lentos dos suecos.
Os suecos debatem, debatem, realizam inúmeras reuniões, ponderações, etc.
E trabalham com um esquema bem mais “slowdown". O melhor é constatar que, no fim, isto acaba por dar sempre resultados no tempo deles (suecos) já que conjugando a necessidade amadurecida com a tecnologia apropriada, é muito pouco o que se perde aqui na Suécia.

1. A Suécia é do tamanho do estado de São Paulo (Brasil).

2. A Suécia tem apenas dois milhões de habitantes.

3. A sua maior cidade, Estocolmo, tem apenas 500.000 habitantes (compare-se com Paris, Londres, Berlim, Madrid, mesmo Lisboa…; ou cidades balneares como Mar del Plata, Argentina, onde vivem permanentemente 1 milhão de pessoas, ou ainda a cidade de Rosário, Argentina, com três milhões).

4. Empresas de capital sueco: Volvo, Skandia, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia, Nobel Biocare , etc. Nada mal, pois não? Para se ter uma ideia da sua importância basta mencionar que a Volvo fabrica os motores de propulsão para os foguetes da NASA.

Os suecos podem estar enganados, mas são eles que me pagam o salário. Devo referir que não conheço nenhum outro povo com uma cultura colectiva superior à dos suecos.
Vou contar-vos uma pequena história, para ficarem com uma ideia:
A primeira vez que fui para a Suécia, em 1990, um dos meus colegas suecos apanhava-me no hotel todas as manhãs. Estávamos em Setembro, já com algum frio e neve.
Chegávamos cedo à Volvo e ele estacionava o carro longe da porta de entrada (são 2000 empregados que vão de carro para a empresa). No primeiro dia, não fiz qualquer comentário, nem tão pouco no segundo ou no terceiro.
Num dos dias seguintes, já com um pouco mais de confiança, uma manhã perguntei-lhe:
"Vocês têm aqui lugar fixo para estacionar? Chegamos sempre cedo e com o parque quase vazio estacionas o carro mesmo no seu extremo…
E ele respondeu-me com simplicidade:
“É que como chegamos cedo temos tempo para andar, e quem chega mais tarde, já vai entrar atrasado, portanto é melhor para ele encontrar um lugar mais perto da porta. Não te parece?"

Imaginem a minha cara! Esta atitude foi o bastante para que eu revisse todos os meus conceitos anteriores.
Actualmente, há um grande movimento na Europa chamado "Slow Food". A “Slow Food International Association”, cujo símbolo é um caracol, tem a sua sede em Itália (o site na Internet é muito interessante.
www.slowfood.com)
O que o movimento Slow Food preconiza é que se deve comer e beber com calma, dar tempo para saborear os alimentos, desfrutar da sua preparação, em família, com amigos, sem pressa e com qualidade.
A ideia é contraposição ao espírito do Fast Food e o que ele representa como estilo de vida.
Verdadeiramente surpreendente, é que este movimento de Slow Food está a servir de base para um movimento mais amplo chamado “Slow Europe” como salientou a revista Business Week numa das suas últimas edições europeias.
Na base de tudo isto está o questionamento da "pressa" e da "loucura" geradas pela globalização, pelo desejo de "ter em quantidade" (nível de vida) em contraponto ao "ter em qualidade", “Qualidade de vida" ou “Qualidade do ser".
Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, ainda que trabalhem menos horas (35 horas por semana) são mais produtivos que os seus colegas americanos e ingleses. E os alemães, que em muitas empresas já implantaram a semana de 28,8 horas de trabalho, viram a sua produtividade aumentar uns apreciáveis 20%.

A denominada "slow attitude" está a chamar a atenção dos próprios americanos, escravos do "fast" (rápido) e do "do it now!" (faça já).
Portanto, esta "atitude sem pressa" não significa fazer menos nem ter menor produtividade.
Significa sim, trabalhar e fazer as coisas com "mais qualidade" e "mais produtividade", com maior perfeição, com atenção aos detalhes e com menos stress.
Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do prazer dum belo ócio e da vida em pequenas comunidades.
Do "aqui" presente e concreto, em contraposição ao "mundial" indefinido e anónimo.
Significa retomar os valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do quotidiano, da simplicidade de viver e conviver, e até da religião e da fé.

SIGNIFICA UM AMBIENTE DE TRABALHO MENOS COERCIVO, MAIS ALEGRE, MAIS LEVE, E PORTANTO MAIS PRODUTIVO, ONDE OS SERES HUMANOS REALIZAM, COM PRAZER, O QUE MELHOR SABEM FAZER...

É saudável reflectir sobre tudo isto. Será que os antigos provérbios: “Devagar se vai ao longe" e “A pressa é inimiga da perfeição" merecem novamente a nossa atenção nestes tempos de loucura desenfreada?
Não seria útil e desejável que as empresas da nossa comunidade, cidade, Estado ou País, começassem já a pensar em desenvolver programas sérios de “qualidade sem pressa" até para aumentarem a produtividade e a qualidade dos produtos e serviços sem necessariamente se perder “qualidade do ser"?
No filme "Perfume de Mulher" há uma cena inesquecível na qual o cego (interpretado por Al Pacino) convida uma jovem para dançar e ela responde: "Não posso, o meu noivo deve estar a chegar". Ao que o cego responde: “Num momento, vive-se uma vida", e leva-a a dançar um tango. É o melhor mo mento do filme, esta cena que dura apenas dois ou três minutos.
Muitos vivem a correr atrás do tempo, mas só o alcançam quando morrem, quer seja de enfarte ou num acidente na auto-estrada por correrem para chegar a tempo.
Ou outros que, tão ansiosos para viverem o futuro, esquecem-se de viver o presente, que é o único tempo que realmente existe.
O tempo é o mesmo para todos, ninguém tem nem mais nem menos de 24 horas por dia.
A diferença está no que cada um faz do seu tempo. Temos de saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon, “A vida é aquilo que acontece enquanto planeamos o futuro".

Parabéns por teres conseguido ler esta mensagem até ao fim.

Decerto haverá muitos que leram só metade para "não perder tempo" tão valioso neste mundo globalizado...

(Desconheço o autor)

sábado, 19 de março de 2011

EDUQUE O SEU FILHO PARA SER FELIZ...

Recebi duma amiga e resolvi partilhar por achar tão importante...



" Crie filhos em vez de herdeiros."
" Dinheiro só chama dinheiro, não chama para um cineminha, nem para tomar um sorvete."
" Não deixe que o trabalho sobre sua mesa tampe a vista da janela."
" Não é justo fazer declarações anuais ao Fisco e nenhuma para quem você ama."
" Para cada almoço de negócios, faça um jantar à luz de velas."
" Por que as semanas demoram tanto e os anos passam tão rapidinho?"
" Quantas reuniões foram mesmo esta semana? Reúna os amigos."
" Trabalhe, trabalhe, trabalhe. Mas não se esqueça, vírgulas significam pausas..."
" ... e quem sabe assim você seja promovido a melhor ( amigo / pai / mãe / filho / filha / namorada / namorado / marido / esposa / irmão / irmã.. etc.) do mundo!"
" Você pode dar uma festa sem dinheiro. Mas não sem amigos."

E para terminar:
 
"Não eduque seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz. Assim, ele saberá o valor das coisas e não o seu preço."
 _

sexta-feira, 18 de março de 2011

"GERAÇÃO À RASCA" DE MIA COUTO

Geração à Rasca - A Nossa Culpa

Um dia, isto tinha de acontecer.
Existe uma geração à rasca?
Existe mais do que uma! Certamente!
Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança
caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da
vida.
Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com
frustrações.
A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à
rasca são os que mais tiveram tudo.
Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na
sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como
lhes tem sido exigido nos últimos anos.

Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha
geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se
das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram
dar aos seus filhos o melhor.
Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos
seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração
mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida
desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de
condução e 1º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso
para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro
emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos
cama, mesa e roupa lavada.
Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o
dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em
substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo,
já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra
(quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.

Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A
vaquinha emagreceu, feneceu, secou.

Foi então que os pais ficaram à rasca.
Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem
Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se
entra à borla nem se consome fiado.
Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a
pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de
adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais.
São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da
luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos
não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos
qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração.

São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de
dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por
isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque
eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram
que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém
lhes pode dar!

A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos
duas décadas.

Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.
Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por
escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na
proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o
país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois
correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade
operacional.
Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio
nenhum. Uma geração que tem acesso a  informação sem que isso signifique
que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e
interpretação da realidade em que se insere.
Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não
poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que
deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou
etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre
emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que
nem um nem outro abundam.
Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como
mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi
ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.
Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe
chega e o acessório se lhe tornou indispensável.
Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.
Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a
quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.

Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e
inteligência nesta geração?
Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!
Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no
retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem
são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).
Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem,
atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são
empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que
inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como
se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes
de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.

E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos
nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que
alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que
ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e
indevidamente?!!!

Novos e velhos, todos estamos à rasca.
Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.

Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme
convicção de que a culpa não é deles.
A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer
melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a
sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la.
Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam.
Haverá mais triste prova do nosso falhanço?
Pode ser que tudo isto não passe de alarmismo, de um exagero meu, de uma
generalização injusta.
Pode ser que nada/ninguém seja assim.

terça-feira, 8 de março de 2011

DIA DA MULHER

O dia internacional da mulher é uma forma de homenagear as mulheres.
É uma mensagem que se pretende transmitir a todo o mundo todo.
O dia da mulher é uma homenagem às mulheres que lutaram e ainda lutam pelos direitos igualitários.
Ao longo da história da humanidade, muitas mulheres desejaram, buscaram, lutaram e em muitos casos foram castigadas por desejarem ser iguais ao homem.
Por vezes a mulher foi ouvida, mas infelizmente, muitas foi silenciada.
O dia da mulher é o dia em que as pessoas, de todo o mundo, procuram dedicar um dia do ano ao martírio feminino.
A oferta de flores no dia da mulher pode mandar essa mensagem, especialmente em homenagem à mulher da classe operária. Aquelas mulheres que ao longo da história da humanidade, levantaram as suas vozes num claro desafio à opressão de sociedades e culturas que discriminaram e degradaram a situação da mulher e que são recordadas no dia internacional da mulher.
O direito de votar, o direito de andar nas ruas com o rosto descoberto, o direito de casar com quem quiser, o direito de trabalhar ao lado do homem sem preconceito e o direito de ser aceite como igual.
O dia da mulher é um dia em que recordamos esses direitos. Não apenas para os lembrar aos homens, mas também para que as mulheres não os esqueçam.
Aristófanes escreveu uma comédia em 410 sobre a Lysistrata, a mulher que lutou pelo fim da guerra do Peloponeso com uma greve de sexo.
Nos textos sagrados de Vatsayana, os Sutras de Kama, ou Kama-sutras, o autor apelou à educação das mulheres indianas defendendo que com uma melhor compreensão das artes e das ciências, as mulheres passariam a compreender melhor os homens, e portanto, os amariam melhor.
Infelizmente, nos poucos momentos da antiguidade em que às mulheres foi permitido o acesso ao mundo das ciências, essas mulheres continuaram objectos do prazer masculino.
Mesmo na Idade Média e no mundo Renascentista, sempre que uma mulher conseguia uma certa igualdade académica, noemadamente com os homens dentro da igreja, ela foi calada ou condenada.
Apenas no início da revolução francesa é que as vozes femininas começaram a ter impacto na história. Apenas nos últimos 250 anos. Antes disso, as mulheres foram segregadas e discriminadas pela sociedade de tal forma, que para trabalhar nas mesmas funções que os homens, acabou por ser necessário constituir uma sociedade paralela, como no caso de seitas religiosas.
O culto de Ísis, no Egipto, Kybele, na Frígia, Safos da ilha de Lesbos, e o martírio da mais importante matemática-sacerdotisa da história, Hipatia de Alexandria, são óptimos exemplos da igualdade feminina numa sociedade que não a aceitava, pois os cultos às Deusas eram igualmente agressivos com seus sacerdotes (pois tinham que se igualar à deusa antes de se tornarem devotos). A causa sufragista no mundo Moderno começou entre as mulheres da classe operária do século IXX. O mundo cada vez mais industrializado, exigia também uma classe de mulheres operárias que não eram apenas donas de casa, mas trabalhavam nas fábricas.
Muitas mulheres morreram durante esse período.
O dia 8 de Março é, desde 1975, comemorado pelas Nações Unidas como Dia Internacional da Mulher. Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias, que recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas.
Em 1903, profissionais liberais norte-americanas criaram a Women's Trade Union League, uma associação que tinha como principal objectivo ajudar todas as trabalhadoras a exigirem melhores condições de trabalho.
Em 1908, mais de 14 mil mulheres marcharam nas ruas de Nova Iorque reivindicando o mesmo que as operárias de 1857 já tinham exigido, bem como o direito de voto. Caminharam pelas ruas gritando com o slogan Pão e Rosas, em que o pão simbolizava a estabilidade económica e as rosas uma melhor qualidade de vida.
Em 1910, numa conferência internacional de mulheres, realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como Dia Internacional da Mulher.
Mesmo depois de tudo isto as mulheres continuaram segregadas até o final da primeira guerra mundial e, depois, novamente até ao final da segunda guerra mundial. A indústria tinha falta de homens, pois estavam nos campos de batalha, então as mulheres foram obrigadas a preencher a falta de mão-de-obra que anteriormente era do domínio dos homens. Ao regressar da guerra, os homens e toda a cultura industrializada foi confrontada com a habilidade feminina, e as tradições foram, de certo modo, quebrados.
Hoje, reconhecemos que as mulheres são iguais em tudo, inclusive na habilidade de votar, trabalhar ou mesmo governar um país. Mas não podemos jamais esquecer o que esse reconhecimento custou.
O dia da mulher, é um dia em que essa mensagem de reconhecimento precisa ser recordada e divulgada em mundo todo.
Aliás, a necessidade da existência de um dia internacional da mulher só prova que ainda falta fazer muito para as mulheres se sentirem e estarem em igualdade com os homens.
O dia da mulher tal como o dia do homem deveria ser todos os dias.

quarta-feira, 2 de março de 2011

CONFUSÃO MENTAL

Atenção a estas indicações
A principal causa da confusão mental no idoso,
por Arnaldo Lichtenstein, médico*

Sempre que dou aulas de clínica médica a estudantes do quarto ano de Medicina, lanço a pergunta:

- Quais as causas que mais fazem o vovô ou a vovó terem confusão mental? *

Alguns arriscam: *"Tumor na cabeça".
Eu digo: "Não".
Outros apostam: "Mal de Alzheimer".
Respondo, novamente: "Não".
A cada negativa a turma espanta-se... E fica ainda mais boquiaberta quando indico as 3 causas mais comuns:


1 - diabetes descontrolado;

2 - infecção urinária;

3 - falta de ingestão de líquidos.

Parece brincadeira, mas não é. Constantemente o vovô e a vovó, sem sentir sede, deixam de tomar líquidos.
Quando falta gente em casa para os lembrar, desidratam-se com rapidez. A desidratação tende a ser grave e afecta todo o organismo. Pode causar confusão mental abrupta, queda de pressão arterial, aumento dos batimentos cardíacos, angina (dor no peito), coma e até morte.
Insisto: não é brincadeira.
Na melhor idade, que começa aos 60 anos, temos pouco mais de 50% de água no corpo. Isso faz parte do processo natural de envelhecimento.
Portanto, os idosos têm menor reserva hídrica.
Mas há outra complicação: mesmo desidratados, eles não sentem vontade de beber água, pois os seus mecanismos de equilíbrio interno não funcionam muito bem.

Conclusão: Os idosos desidratam-se facilmente não apenas porque possuem reserva hídrica menor, mas também porque percebem menos a falta de água no seu corpo. Mesmo que o idoso seja saudável, fica prejudicado no desempenho das reações químicas e funções de todo o seu organismo.

Por isso, aqui vão dois alertas:

1 -O primeiro é para as vovós e os vovôs: tornem voluntário o hábito de beber líquidos. Por líquido entenda-se água, sumos, chás, leite, sopa, gelatina e frutas ricas em água, como melão, melancia, abacaxi, laranja e tangerina, também funcionam. O importante é que, a cada duas horas, ingerir algum líquido. Lembrem-se disso!

2 -O meu segundo alerta é para os familiares: ofereçam constantemente líquidos aos idosos. Ao mesmo tempo, fiquem atentos. Ao perceberem que eles estão a rejeitar líquidos e, de um dia para o outro, ficam confusos, irritadiços, fora do ar, atenção ! É quase certo que sejam sintomas decorrentes de desidratação.

  1. "Líquido neles e rápido para um serviço médico".